segunda-feira, 6 de setembro de 2010

AS CORES E SEUS SIGNIFICADOS SIMBÓLICOS


Muitos autores se dedicaram ao estudo da simbologia das cores, e encontraram material de forma abundante nas pesquisas arqueológicas, onde o mundo antigo pode ser um pouco melhor compreendido através dos símbolos, das imagens que resistiram aos séculos.

“O ouro por ser o metal mais precioso de todos, foi largamente utilizado para simbolizar a glória do paraíso...Quando o ouro era iluminado por velas o efeito era deslumbrante, inspirando maravilhamento religioso e reverência” (COLE, 1993, p.10)

A combinação de dourado e azul era freqüentemente identificada ao Cristianismo. Da Vinci criou o conceito de “Chiaroscuro”, que era o método de pintura que explorava a luz e a sombra. O pintor Runge (1808), explorou relações simbólicas e espirituais entre as cores, para ele a cor seria a arte final e sempre guardaria um mistério, nela ele identificava a luz ou o branco representando o bem e a sombra o demônio.

Costa (1987) se refere à interpretação da imagem global, no aspecto cor, da seguinte forma:

· Branco e Negro: reforça as cores que são combinadas à elas. São os extremos do espectro, ambas tem valor limite e também valor neutro.

· Cinza: “centro do todo” (Klee). Ocupa lugar intermediário entre o branco e o negro, é um centro passivo, neutro, e por isso um fator de equilíbrio.

· Vermelho: é a representação da vitalidade, do entusiasmo, agressivo e exuberante é a cor do sangue e da paixão.

· Verde: mais tranqüilo e sedante. Evoca vegetação e frescor, é uma cor calma, indiferente, não transmite alegria, tristeza ou paixão. Se há predominância do Amarelo uma força ativa, se tem azul sobriedade e satisfação.

· Azul: símbolo da profundidade. Provoca tranqüilidade e uma gravidade sedante. Quanto mais escuro, mais atrai para o infinito. Quanto mais se clarifica, mais se torna indiferente.

· Amarelo: é a cor mais luminosa, alegre, vital e tonificante, cálida. É a cor do sol e da luz.

· Laranja: caráter acolhedor, cálido, estimulante e qualidade dinâmica muito positiva. O laranja

é a mescla do vermelho com o amarelo, é menos estridente do que aquele e possui força mais radiante e expansiva.


O povo Bororo besunta o cabelo de encarnado para poder tomar parte em danças e cerimônias fúnebres, ocasião que o índio fica exposto à influências maléficas de espíritos maus. O povo Xavante na corrida de tora , um importante ritual de inclusão dos jovens ao grupo, pinta o corpo com preto e vermelho. O vermelho na indicação da força e dos os órgãos vitais e o preto numa busca de invisibilidade dos membros.

O amarelo possui caráter bastante contraditório em diferentes momentos históricos. No Egito aparecia no livro dos mortos, na decoração de palácios, templos e túmulos, para a coloração de corpos femininos enquanto o vermelho era empregado para colorir os corpos masculinos.

Para Chineses o amarelo ou o preto significam a direção Norte ou dos abismos subterrâneos onde se encontram as fontes amarelas que levam ao reino dos mortos. Na antiga simbologia chinesa o amarelo emerge do negro, como a terra emerge das águas. Entre os Cristãos, o amarelo é a cor da eternidade e da fé, une-se ao branco para formar a bandeira do Vaticano. Em muitos países simboliza o despeito e a traição. Na decoração funerária a união do amarelo com o preto forma uma combinação muito utilizada.

Os antigos que o ar era verde. Na China o verde corresponde ao trigrama tch’en, que significa abalo e tempestade, signo do início da ascensão do Yang - ligando-se também ao elemento Bosque. É a cor da esperança, força, da longevidade, assim como da imortalidade, simbolizada por ramos verdes.

Na idade média o verde tinha significações contraditórias, certas vezes ligado ao mal e outra ao bem. A esmeralda, pedra papal, era também a pedra de Lúcifer antes da queda. O Graal é um vaso de esmeralda ou de cristal verde que diziam conter o sangue de Deus personificado, e que significava o conhecimento.

O azul é a mais profunda das cores, o olhar a penetra sem encontrar obstáculos, é a própria cor do infinito e portanto dos mistérios da alma. A lenda do pássaro azul, símbolo da felicidade inatingível, nasceu desta analogia entre a cor azul e o inacessível. Os egípcios consideravam o azul como a cor da verdade. “As idéias do absoluto, da morte e dos deuses eram freqüentemente simbolizadas por esta cor. Por uma idéia de superioridade desta cor ela foi escolhida como símbolo da nobreza, originando a expressão “sangue azul” (PEDROSA, 1999, p. 144)

O violeta é a mistura do vermelho com o azul e simboliza a temperança que foi considerada como símbolo da alquimia. “Na simbologia do medieval Jesus aparece vestido de violeta durante a Paixão, no momento de sua completa encarnação, quando reúne em sim mesmo o homem filho da terra e o espírito celeste.” (p.115)

O laranja, quando encontrado na pedra chamada jacinto, era considerado símbolo de fidelidade. “O difícil equilíbrio entre o vermelho e o amarelo, vincula-se ao equilíbrio das paixões carnais e a espiritualidade. Numa expansão lasciva, Dionísio vestia-se de laranja para as festas em sua honra.” (p.116)

“O púrpura simboliza a devoção, fé, temperança, castidade, dignidade, abundância, riqueza , autoridade e poder.” (p.116)

“O marrom, ocre e terras significam penitencia, sofrimento, aflição e humildade. “ (p. 117)

Ainda segundo Pedrosa o branco em vários rituais é a cor que indica a mudança, as transições do ser. Em todo pensamento simbólico, a morte precede a vida.

O autor segue dizendo que o branco é a cor da pureza. Nessas premissas a iniciação cristã da primeira comunhão é a brancura virginal das vestes brancas e o véu de noiva encontram sua origem e significado.

O preto não é cor é ausência da luz. Psicologicamente encarna a profundeza da angústia, o luto, simbolizando algo que é irreparável. Pode também significar a renúncia à vaidade deste mundo, originando os mantos negros, proclamação de fé no cristianismo, e roupa negra no Zen Budismo como símbolo do desapego e renúncia. No Egito, uma pomba negra é o hieróglifo da mulher que sofre a viuvez até o fim de seus dias. Na antiga Grécia, a vela negra içada ao mastro dos navios, revelava tragédia e fatalidade.

Deste modo, podemos concluir que tudo pode ter significação simbólica, depende de quem observa, do tratamento dado à imagem, ao som, ou a qualquer outro elemento que porte significados. Para o Ensino Religioso ao se estabelecerem significações para os elementos diversos que compõem a expressão do sagrado é fundamental que se busque o conhecimento dos códigos culturais que permitirão leituras. É interessante que se compreenda como cada tradição, manifestação mística e filosófica interpreta os seus próprios códigos simbólicos, a fim de resguardar a mensagem em sua fonte primeira.

Texto da ASSINTEC- Associação Inter- Religiosa de Educação

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